domingo, 22 de abril de 2012

As cores de Kika

Uma grande crítica à sociedade do espetáculo e sobretudo ao rompimento das fronteiras entre público e privado promovido pela mídia sensacionalista, o filme "Kika" (1993), de Pedro Almodóvar, é uma trama cômica e bizarra que também nos apresenta, dentre outras coisas, o drástico modo como a realidade às vezes acaba transbordando para a ficção.

Este aspecto é ressaltado por um dos personagens centrais da trama: Nicholas Pierce. Galã de meia idade com pinta de cafajeste, Nicholas é um escritor norte-americano radicado na Espanha cuja mulher se suicida e cujo enteado, um fotógrafo introspectivo e narcoléptico, se apaixona e passa a viver com a maquiadora Kika após um insólito encontro.

Autor de romances centrados em crimes, ele confessa, em entrevista ao programa de TV de Doña Paquita (uma espécie de Palmirinha), que embora suas obras não constituam uma mera transposição de sua vida para a literatura, é inegável que haja muito de sua experiência em seus textos.

A grande questão é até que ponto a matéria literária se alimenta do real, e o desenrolar do longa-metragem acaba nos revelando, de forma esdrúxula e dramática, que não podemos nunca confiar totalmente na palavra dos ficcionistas.




* * *

Após a sessão caseira, procurei por algumas imagens de "Kika" na internet e fiquei fascinado com os posters que encontrei. (Foram eles, a propósito, que me motivaram a elaborar esta postagem. Não me ocorreu então nenhuma outra forma de apresentá-los de uma só vez.)

As célebres e marcantes cores de Almodóvar - uma assinatura inconfundível que, na telona, se exibe com esplendor e extravagância - preenchem os cartazes do longa-metragem com total versatilidade e, na maioria das vezes, de forma minimalista. 


Confira a seleção, escolha o seu preferido e adivinhe qual é o meu.




E viva Almodóvar!

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